Adelaide é mãe do menino Julio, de 8 anos. Ambos moram com o restante da família no bairro do Rudge Ramos, em São Bernardo do Campo.
Julio é autista e, segundo médicos, o grau severo de sua condição o impede de frequentar a escola regular e conviver com os demais estudantes, exigindo tratamento diferenciado.
Sem recursos financeiros para tal, mães que enfrentam os mesmos desafios de Adelaide normalmente entram na Justiça para que seus filhos tenham o direito de receber um suporte adequado por parte do governo.
No caso de Julio, uma juíza concedeu (mais de uma vez) um parecer favorável, mas o Estado vem recorrendo, alegando que os custos são altos, sem oferecer qualquer opção. A mensalidade de uma “escola clínica”, por exemplo, ultrapassa os R$ 6 mil.
Na semana passada, Adelaide foi ao fórum da cidade com um cartaz que, em tom irônico, comparava a liberdade concedida a José Dirceu com a “prisão” imposta a seu filho. A foto com o protesto silencioso ganhou a internet.
Questionada, ela explica que sua indignação foi justamente por ver o Judiciário “soltar um condenado que roubou milhões e não conseguir resolver o impasse que envolve o caso do Julio”.
Adelaide destaca ainda que a família não quer caridade. “Depois da foto alguns políticos vieram me procurar, mas eu não acredito em nenhum. E não deixo ninguém usar da deficiência do meu filho para se promover”, afirma.