A aprovação do reajuste salarial na casa dos 26,5%, colocando os ganhos dos 28 parlamentares de São Bernardo próximos aos R$ 19 mil mensais, soaram como ofensa aos eleitores.
A título de comparação, o IBGE divulgou em outubro deste ano uma pesquisa que aponta que 60% dos trabalhadores brasileiros, registrados ou informais, recebe, em média, R$ 928 por mês.
As últimas vagas de emprego abertas em São Bernardo mostram que o mercado exige ensino médio completo como formação mínima e experiência até para cargos operacionais. Os salários giram em torno de R$ 1 mil.
Para ser vereador na cidade, basta provar que sabe ler e escrever e conquistar cerca de três mil votos. Salário alto, direito a 11 assessores, escritório, carro oficial e encarar a população na sessão ordinária apenas uma vez por semana são algumas das mordomias.
Sabe-se que os vereadores são obrigados pela Constituição a votar o aumento de subsídios de uma legislatura para outra. Foi com esse argumento, dizendo que agiu dentro da legalidade, que a maioria da Câmara aprovou o reajuste escandaloso.
É importante pensar que a votação realizada agora, faltando quase um ano para as eleições, coloca os vereadores em uma posição confortável, evitando que digam por aí que “agiram em causa própria”.
Existem também aqueles que explicam que os ganhos estavam defasados e congelados há quase oito anos. Por último, há um pequeno grupo que se cala.
Vale destacar que a aprovação dada ontem (11) se deu por meio de acordo entre lideranças, sem a necessidade de utilização do painel eletrônico.
Quem assinou o requerimento?
Em uma lista que circula pelas redes sociais (imagem abaixo), é possível ver os nomes daqueles que assinaram o requerimento que resultou na autorização do subsídio.
A autenticidade do documento foi comprovada por assessores de vereadores.
Custo e repercussão
Em um ano completo, o reajuste e o 13º aprovados custarão aos cofres públicos quase R$ 2 milhões, dinheiro que seria melhor utilizado em outras áreas, inclusive para implementação das promessas feitas pelos próprios políticos eleitos.
Assim que a informação sobre o aumento salarial e o novo subsídio se espalhou pelas redes sociais, o que se viu foi uma enxurrada de comentários críticos aos vereadores.
Com exceção dos próprios parlamentares, seus familiares e aliados, não há neste momento, em São Bernardo do Campo, nenhum cidadão feliz com a notícia.
E mesmo que a lei tenha sido seguida, para o eleitor faltou coragem e sobrou comodismo dos eleitos. Afinal, não basta o aumento ser legal, mas também deve ser moral.
Abaixo-assinado
Um abaixo-assinado quer recolher assinaturas de eleitores insatisfeitos com a decisão da Câmara Municipal (acesse aqui).
Até o momento da publicação deste artigo, mais de seis mil assinaturas foram registradas digitalmente.