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São Bernardo impulsiona arrecadação de ICMS no ABC, enquanto outras cidades registram queda

A arrecadação de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) no ABC Paulista cresceu R$ 29,3 milhões nos primeiros seis meses de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, segundo dados da Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo. O aumento, de 2,17%, foi puxado principalmente pelo bom desempenho de São Bernardo do Campo, que compensou quedas em outras cidades da região.

São Bernardo registrou alta de 7,06% no período, o equivalente a R$ 33,6 milhões a mais. O valor repassado ao município passou de R$ 476,4 milhões no primeiro semestre de 2024 para R$ 510 milhões neste ano. Ribeirão Pires também apresentou crescimento de 7,87%, embora em menor volume absoluto: R$ 2,9 milhões a mais, totalizando R$ 39,9 milhões.

Em contrapartida, Mauá teve a maior retração, com queda de R$ 7 milhões (–3,29%). Santo André arrecadou R$ 3 milhões a menos (–1,27%) e Rio Grande da Serra, apesar da redução de apenas R$ 500 mil, viu o repasse cair 8,85% em termos proporcionais, por conta da menor base arrecadatória.

Segundo o economista Volney Gouveia, coordenador do curso de Ciências Econômicas da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), o desempenho de São Bernardo está ligado ao dinamismo da economia local e à diversificação do setor de serviços, que representa mais de 60% da atividade econômica regional. “A cidade acompanha o crescimento do Estado, que registrou aumento de 9,2% na arrecadação no primeiro trimestre deste ano. São Bernardo teve um desempenho semelhante, com alta de 9,1%”, analisou.

Gouveia destaca ainda que o fortalecimento do setor de serviços em São Bernardo pode estar atraindo consumidores de cidades vizinhas. “A hipótese é de que parte do consumo migrou para municípios com maior oferta, como shoppings, clínicas e concessionárias, ampliando a base de arrecadação local.”

A retomada da indústria regional também tem impacto direto na arrecadação. De acordo com o economista, o setor industrial do ABC — com mais de 24 mil estabelecimentos — teve desempenho expressivo em 2024, com crescimento de 8,2%, mais que o dobro da média nacional de 3,8%. “Esse movimento já reflete positivamente no ICMS e tende a se intensificar com a previsão de expansão do PIB em 2025.”

Outro fator apontado como relevante é a construção civil. “São Bernardo continua executando obras públicas e tem forte atividade no setor privado, o que reforça o papel da construção na arrecadação do imposto”, afirma Gouveia.

Para ele, a diferença no desempenho entre os municípios do ABC está diretamente ligada à oferta de serviços e infraestrutura. “Muitos trabalham em uma cidade, mas consomem em outra, onde há maior variedade e qualidade de oferta. Isso se reflete no repasse do ICMS, que favorece os centros com economia mais diversificada”, conclui.


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