A possibilidade de utilizar o terreno da antiga fábrica da Ford, em São Bernardo do Campo, como o segundo pátio de manobras e manutenção da futura Linha 20-Rosa do Metrô encontra os mesmos obstáculos da primeira área cogitada — o antigo espaço da Rhodia, em Santo André. Ambos os terrenos, apesar de considerados estratégicos, estão vinculados a projetos logísticos privados que comprometem sua disponibilidade para o sistema metroviário. As informações são do site Metrô CPTM.
O terreno da Ford, com aproximadamente 1 milhão de metros quadrados, está localizado entre os bairros Paulicéia e Taboão, e encontra-se desocupado desde o encerramento das operações da montadora, em 2019. O local, no entanto, já está nos planos da multinacional Prologis, que pretende construir ali um centro logístico com 13 galpões.
A Prefeitura de São Bernardo apoia oficialmente o projeto logístico, visto como uma oportunidade para ampliar a arrecadação municipal. De acordo com o Diário do Grande ABC, que divulgou a informação, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Juventude, Rafael Demarchi, confirmou que o local será destinado à instalação do centro de distribuição.
O terreno da antiga fábrica da Ford fica próximo à Linha 20-Rosa
Apesar disso, fontes ligadas ao prefeito Marcelo Lima (Podemos) teriam mencionado o espaço da antiga fábrica como opção para o pátio de manutenção da Linha 20. Nem a prefeitura nem o Metrô de São Paulo se manifestaram oficialmente sobre o assunto até o momento. A reportagem do MetrôCPTM também entrou em contato com a assessoria do Metrô, mas não obteve resposta.
Terreno indefinido e desapropriações em curso
O impasse ocorre em meio ao avanço do projeto básico da Linha 20-Rosa, que prevê 31 km de extensão e 24 estações, ligando Santo André à Lapa, passando por São Bernardo do Campo e diversos bairros da capital. O Metrô já iniciou desapropriações no trecho prioritário, entre as estações Santa Marina e Abraão de Morais, considerado o mais atrativo para a iniciativa privada, que deverá construir e operar a linha.
Estações da Linha 20-Rosa (Metrô SP)
Ainda assim, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem reiterado sua promessa eleitoral de iniciar as obras pelo ABC Paulista, em resposta ao cancelamento da Linha 18-Bronze em 2019. Para cumprir essa meta, é essencial definir um pátio operacional, infraestrutura indispensável para o funcionamento da linha.
A primeira área cogitada, da antiga Rhodia em Santo André, também foi negociada para fins logísticos e já está em obras. Mesmo assim, o governo estadual avalia a possibilidade de desapropriar o terreno, devido à sua localização estratégica e menor necessidade de extensão da linha até ele.
O novo pátio da Linha 20-Rosa em Santo André (GESP)
Outra alternativa é um terreno ao lado da futura Estação ABC, também em Santo André. No entanto, essa opção exigiria ampliar significativamente o traçado da linha, o que elevaria os custos da obra. Com isso, o governo analisa o custo-benefício entre estender o ramal ou investir na desapropriação de terrenos mais próximos às vias projetadas.