Memória

A origem dos batateiros de São Bernardo do Campo

No livro “Vila de São Bernardo”, do memorialista Attílio Pessotti, editado pela Prefeitura de São Bernardo do Campo em 1981, um dos capítulos explica a origem da expressão “batateiros” e sua associação com a gente da cidade.

Abaixo, alguns trechos da obra revelam a origem do apelido.

Até a década de 1930, havia entre a mocidade da antiga Vila de São Bernardo uma certa discriminação entre os moradores do Centro e os das colônias. Os do Centro, então chamados de almofadinhas, acompanhavam a moda e todas as suas novidades, frequentavam cinema, baile de sociedades e clubes, sendo mais aprimorados na civilidade e na elegância.

Os moradores das colônias, por se dedicarem à lavoura, eram taxados de “batateiros”. Aos poucos, esses colonos foram encaminhando os filhos para os empregos nas fábricas de móveis, tecidos e outras atividades, abandonando quase que por completo a agricultura. Mas, como designativo de habitante rural, e mesmo que no sentido pejorativo, veladamente continuavam a ser chamados de batateiros.

Famílias de colonos reúnem-se em festa na colônia dos Breda em 1926.
Famílias reúnem-se em festa na colônia dos Breda em 1926.

Conta Pessotti que os almofadinhas também eram chamados de batateiros pelos moradores de Santo André, antiga estação ferroviária de São Bernardo. Como aquela localidade progrediu muito, viam na antiga Vila um núcleo de colônias agrícolas.

Os nossos revidaram, apelidando-os de ceboleiros. Surgiu, assim, uma rivalidade, que se chocava especialmente entre times de futebol das duas localidades, cujas pelejas se realizavam num clima de entusiasmo e, às vezes, de violência também, o que contribuía para valorizar mais as disputas esportivas, “animadas” aqui com cebolas e lá com batatas.

No decorrer dos anos, os bairros cresceram, ligando-se aos centros. Os dois povoados progrediram e se tornaram grandes cidades. O povo também evoluiu, e os velhos sentimentos de bairrismo desapareceram no tempo. Hoje, só os habitantes mais antigos se lembram dos ceboleiros de Santo André e dos batateiros de São Bernardo.

Fonte/Fotos: Seção de Pesquisa e Documentação (Memória) de São Bernardo do Campo.

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