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‘Um garoto mimado está na Prefeitura da nossa cidade’, diz Julinho Fuzari em entrevista

Aos 43 anos de idade, eleito para o seu segundo mandato com 7.252 votos, o vereador Julinho Fuzari também ocupa a presidência municipal do PPS.

O parlamentar concedeu uma entrevista exclusiva ao SBC INFO.

Nesta primeira parte da conversa, que teve mais de uma hora de duração, Fuzari falou sobre política local, fez críticas ao novo prefeito e teceu comentários sobre a polêmica cobrança do ISS no final do ano passado.

A segunda e última parte desta reportagem será publicada amanhã, dia 09/03.

PPS e futuro político
Após a derrota de Alex Manente para Orlando Morando, os três vereadores eleitos pelo PPS em São Bernardo pareceram adotar rumos diferentes. Fuzari manteve-se distante da nova gestão, enquanto os colegas Estevão Camolesi e Dr. Manuel fincaram os pés na base governista.

Questionado sobre as diferenças dentro do próprio do partido, o vereador entende que no futuro será necessária uma união de ideias, mas também acredita que é imprescindível uma mudança de mentalidade. “O PPS me deixa à vontade para que eu possa cumprir, integralmente, meu mandato como vereador. Se pegar a maioria das votações, eu votei a favor do governo. Será que talvez já não esteja na hora de acabar com essa ideia de oposição e situação? Quando se rotula alguém favorece-se a política pragmática”, explica.

Sobre sua postura diante das decisões políticas, Julinho complementa o raciocínio: “Se ser oposição é votar contra projetos que são bons para a cidade, eu não sou oposição e nunca serei. Se ser situação é fechar os olhos, não fiscalizar, não cobrar, eu nunca serei situação”.

Figura ativa nas redes sociais, seu nome muitas vezes é acionado por moradores que buscam seu perfil para a solução de problemas dos mais variados tipos. Perguntado sobre a pressão que vem da internet, vê tudo com bons olhos. “Eu gosto. Isso é o meu combustível. Demonstra que as pessoas confiam no nosso mandato. Nem sempre teremos êxito em tudo, mas empenho nunca vai faltar”, destaca.

A respeito das sondagens envolvendo seu nome para concorrer a deputado ou a prefeito no futuro, Fuzari despista, mas não descarta. “Eu não tenho um projeto pessoal. Não tenho um sonho de ser prefeito da cidade, por exemplo. Claro que se houver uma vontade e eu sentir que é o momento, serei candidato. Isso também só vai acontecer se houver uma mudança no cenário. O poder econômico tem papel muito decisivo no resultado das eleições. Seria necessária uma reforma que permita uma disputa igualitária”, comenta.

Orlando Morando
Há algumas semanas, o deputado federal Alex Manente criticou a Prefeitura de São Bernardo por não demonstrar interesse pelos R$ 6 milhões em recursos destinados pelo parlamentar para as áreas de saúde e infraestrutura. Para Fuzari, o atrito que existe entre Manente e Morando deve ficar somente no âmbito das eleições. “Agora é hora de descer do palanque, apagar os holofotes e apresentar um plano de governo para a população”, alfineta o vereador.

Recentemente, na Câmara Municipal, um desentendimento em torno da formação das comissões permanentes levantou um questionamento sobre a influência do Executivo naquela Casa. Mesmo indicado para o cargo de suplente do conselho curador da Fundação Criança, função que não possibilita protagonismo, o nome de Fuzari teria sido vetado pelo prefeito que também pareceu não concordar com a nomeação dos vereadores em primeiro mandato, sob alegação de que não estariam “familiarizados” com os procedimentos.

Julinho não poupou críticas à postura de Morando. “O parlamento não pode se submeter à vontade do prefeito, um garoto mimado que hoje está na Prefeitura da nossa cidade”, disparou. A respeito da visão de despreparo dos novos parlamentares, também esbravejou. “Eles (membros do Executivo) submeteram o Legislativo ao vexame. Hoje, segundo eles, a Câmara não está preparada para votar nada. Temos que pedir ao prefeito para parar a cidade e colocar esse pessoal (vereadores) para fazer um intensivão então”, desabafa.

Cobrança do ISS

Diante do tumulto causado na cidade pelos carnês de ISS disparados pela Prefeitura no final do ano passado, Fuzari acabou por tornar-se “advogado” de moradores que procuraram o gabinete do vereador em busca de ajuda. “Atendemos 1.500 pessoas ajudando a todos com recursos administrativos. O problema está na maneira como foi feita a cobrança, utilizando foto aérea. Em segundo lugar, estão cobrando pessoas que construíram há 20 ou 30 anos atrás. Como diz o povo, isso caducou”, explica o parlamentar.

Com o recurso administrativo, a Prefeitura é obrigada a mandar fiscais para visitar o imóvel. O processo é lento, pois, segundo Fuzari, pelo menos três mil residências estão na fila aguardando a nova avaliação. “Nós mantemos comunicação com as pessoas e, em alguns casos, será necessário buscar a esfera judicial”.

Fuzari reclama da posição do novo prefeito sobre o tema. “Antes de assumir, ele (Morando) não concordava com a cobrança e agora está dizendo que não pode anistiar. Não é verdade, pois existem mecanismos para tal. Falta vontade política.”, destaca.

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