Cotidiano

Zé do Caixão e a Vera Cruz de São Bernardo

Nesta quarta-feira (19), o cineasta José Mojica Marins faleceu aos 83 anos de idade, em decorrência de uma broncopneumonia.

O velório deve acontecer no Museu da Imagem e do Som (MIS) na quinta-feira (20), em cerimônia aberta ao público. Marins deixa sete filhos.

Em 1995, o famoso Zé do Caixão esteve em São Bernardo do Campo para filmar trechos de um vídeo sobre seu método de ensino de arte dramática, intitulado “O Poder da Arte”.

Ao extinto jornal Folha do ABCD, o cineasta declarou que se sentia “como Orson Welles filmando ‘Cidadão Kane'” ao gravar nos estúdios da Vera Cruz.

“Welles deve ter tido a mesma sensação que eu, gravando naqueles ambientes enormes e vazios, como este estúdio”, afirmou Marins à repórter Adriana Moura. “É uma sensação boa, ter essa monstruosidade nas mãos”, completou.

O diretor também pretendia aproveitar o vídeo para contar uma pequena história da Vera Cruz. “É preciso mostrar ao mundo o que é o cinema no maior estúdio da América Latina”, afirmou.

Não se sabe se o vídeo com as aulas de interpretação chegou a ser lançado. Não foi possível encontrar qualquer material a respeito.

A MALDIÇÃO DE ZÉ DO CAIXÃO
Um episódio marcante no início da carreira do cineasta José Mojica Marins, o Zé do Caixão, guarda relação com São Bernardo do Campo.

Durante a gravação de “Sentença de Deus” (1956), o primeiro filme profissional de Marins, a atriz Conchita Espanhol se afogou na piscina dos estúdios Vera Cruz.

Outras duas atrizes morreram fazendo o mesmo papel. A última a substituí-las teve mais “sorte”: foi atropelada, mas sobreviveu.

As mortes deram início a uma maldição que acompanharia Marins e ganharia ares de lenda urbana a partir da década de 1960 quando surgiu mais uma vítima.

Eugênio Franchencko, conhecido como Nuvem Branca, assistente de câmera e dado a grandes bebedeiras, arriscou-se a brincar com Mojica.

A quatro dias do final das filmagens de “Esta noite encarnarei no teu cadáver”, Nuvem Branca comentou: “Até agora não morreu ninguém.” Ao que Mojica, em tom de brincadeira, respondeu: “Você vai morrer”.

Poucas horas depois daquela conversa, Franchenko passou mal e morreu de parada cardíaca a caminho do hospital.

Em entrevista ao portal G1, em 2006, o cineasta se defendeu da maldição. “A Conchita não morreu durante a produção de um filme meu. Ela não foi filmar para ir em um churrasco na Vera Cruz e morreu de congestão, na piscina do estúdio.”, explicou.

Sobre o outro caso, declarou: “O Nuvem Branca bebia muito. E ele havia apostado que não ia tomar nada até o fim do filme, mas continuou bebendo escondido e ainda tomava remédio.”

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