Shows musicais viram alvo de reclamação em condomínios de São Bernardo

De início vistas com bons olhos pela maioria como forma de aliviar a tensão da quarentena, agora as apresentações musicais nas varandas ou pátios de condomínios estão causando atritos entre vizinhos.

Nos últimos dias, moradores de três diferentes endereços em São Bernardo enviaram à reportagem reclamações sobre shows que não respeitam horários ou ultrapassam o limite aceitável de decibéis.

Todos dizem que compreendem a boa vontade dos músicos em tempos de pandemia, mas alegam que o som alto muitas vezes traz mais desconforto do que alegria.

Nos depoimentos abaixo, os nomes foram suprimidos a pedido das moradores que temem represália de vizinhos devido às reclamações.

“Moro nos primeiros andares, minha mãe é idosa e tem dificuldades para dormir. Infelizmente, os shows ultrapassam as 22h e, se reclamamos, somos tachados de chatos. Estamos em casa por força da situação e não por férias”, explica uma professora de 44 anos, que mora em um condomínio localizado no bairro Assunção.

A administração do condomínio da professora retornou o contato da reportagem e explicou que deve seguir com as apresentações musicais, mas em novo formato, mais cedo e com maior controle do volume.

“Cheguei a chamar a GCM para impedir que a apresentação no meu condomínio avançasse pela madrugada. Foi desagradável, mas deu certo, pois no outro final de semana organizaram de uma forma melhor”, conta o aposentado de 67 anos, morador do Demarchi.

Um dos principais condomínios de alto padrão da cidade, localizado na região central, também vem desagradando parte dos moradores com as apresentações musicais. “No nosso prédio, o show teve duração de três horas com som alto. Soltaram até fogos de artifício. Parecia festa de ano-novo”, relata um casal.

Até o momento, a reportagem não obteve retorno dos condomínios onde residem o aposentado e o casal.

Em entrevista recente ao jornal Folha Metropolitana, o presidente da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (AABIC), Roberto Graiche, explicou que o “espírito de coletividade deve prevalecer nesse momento de isolamento social”.

Graiche esclareceu que há medidas previstas no regulamento interno e na convenção do condomínio para lidar com as questões envolvendo barulho. Em situações mais graves, a Justiça pode ser acionada, seja contra algum morador ou contra a própria administração.

NA RUA, OS PANCADÕES
Em outra realidade, moradores de bairros periféricos de São Bernardo, como Vila São Pedro e Jardim Silvina, convivem com os chamados “pancadões” que reúnem centenas de pessoas em festas na rua que atravessam a noite.

Esses eventos são agendados por meio das redes sociais e desrespeitam a lei que proíbe aglomerações durante a quarentena.

A fiscalização é realizada pela GCM que, segundo moradores, aparece quando acionada, mas assim que os agentes se retiram, os jovens voltam a se concentrar nas ruas dos bairros.

Compartilhe!