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Dia da Saúde Universal: avanços em tratamentos acenam para um futuro além da quimioterapia

Os últimos dois anos foram marcados pela pandemia da covid-19 em todo o mundo. O coronavírus foi assunto dominante nos jornais, redes sociais e na vida de todos os habitantes do planeta.

Nesse meio tempo, no entanto, avanços em outras áreas da saúde também foram sendo conquistados, assim como novos desafios foram apresentados. Uma dessas áreas é a oncologia, que seguiu com inovações tecnológicas, melhorando a qualidade de vida e as chances de sobrevivência dos que são acometidos por câncer. Mas não sem desafios, muitos inclusive impostos pela pandemia: atrasos em exames de diagnóstico e prevenção e também no tratamento por conta das medidas de isolamento social.

Segundo o oncologista Carlos Gil Ferreira, diretor médico do Grupo Oncoclínicas e presidente do Instituto Oncoclínicas, o ano de 2021 foi o de consolidação da imunoterapia no tratamento de vários tipos de tumores, ampliando o leque de doenças que podem se beneficiar. É o tratamento que já foi usado pela apresentadora Ana Maria Braga e, atualmente, indicado para a cantora Rita Lee, que enfrenta um câncer no pulmão.

“A terapia já era muito utilizada, e de forma bem sucedida, para diversos tipos de tumores de pulmão e também de pele melanoma. Agora, com o avanço nos estudos e nas inovações científicas, vem sendo aplicada para alguns tipos de tumores na junção esofago-gástrica e fígado. Além disso, essa técnica foi ampliada e tem se mostrado muito efetiva contra o tumor do tipo triplo negativo nas mamas”, afirma.

Outro avanço recente e importante é o surgimento de um leque de novas alternativas de tratamento para tumores hematológicos, principalmente para neoplasias de origem hematológica. “As pesquisas com novas estratégias de CAR T-CELL seguem aumentando aos poucos e devem se consolidar em 2022. Tumores muito frequentes na população, como pulmão, também ganharam tratamentos e drogas importantes, que já vêm sendo aprovadas nos Estados Unidos e devem chegar ao Brasil”, explica Carlos Gil.

A biópsia líquida é outra alternativa que vem para melhorar o dia a dia de médicos e pacientes. A técnica é usada para diminuir o número de exames invasivos de biópsia e acompanhamento do paciente que já passou pelo tratamento. “Com base no DNA e RNA do tumor, é possível descobrir algum tipo de mutação, por exemplo, e assim escolher um tratamento mais efetivo, sem submeter o paciente a muitos outros exames. Também funcionará muito bem para monitoramento conseguir acompanhar o pós tratamento apenas com exames de sangue. É o nosso sonho”, diz o médico.

Consolidação e efeitos da pandemia

Carlos Gil acredita que este ano será o da consolidação e avanço nas inovações tecnológicas que vêm crescendo nos últimos anos. “Acho que as perspectivas são boas, novos tratamentos, novas maneiras de selecionar para as terapias corretas, ano de avanços importantes para os pacientes com câncer”.

Porém, a pandemia não passou em branco na área oncológica. As consequências do atraso para a realização de exames de prevenção e diagnóstico por conta das medidas de isolamento social poderão ser sentidas nos próximos meses, acredita ele. Levantamentos feitos por entidades médicas apontam que, nos primeiros meses da pandemia, 70% das cirurgias oncológicas foram adiadas. Além disso, cerca de 75 mil brasileiros deixaram de receber diagnósticos no período.

“Sabemos que o diagnóstico precoce aumenta em muito as chances de cura e também de tratamentos menos invasivos. Empiricamente, já temos observado um número grande de pacientes que chegam com o tumor já avançado, mas só teremos noção do tamanho deste problema com o tempo. Neste caso, as perspectivas não são tão boas, embora acreditamos que a situação vá se normalizando em 2022 e com o arrefecimento da pandemia”, comenta.

Outra herança da covid-19 que já pode ser observada, acredita Gil, é uma queda temporária no número de pessoas recrutadas para estudos clínicos, que caiu no mundo inteiro e pode ter atrasado algumas pesquisas e estudos importantes na área.

“A boa notícia é que esses números vêm melhorando desde o ano passado e a tendência é que retornem ao patamar de antes da covid-19 nos próximos meses”, ressalta Carlos Gil.

Vacinas de RNA na luta contra o câncer

Amplamente comentadas por seu uso contra a covid-19, os imunizantes desenvolvidos à base de RNA mensageiro (mRNA) foram os primeiros com base nessa moderna tecnologia a terem seu uso autorizado em humanos e receberem liberação para comercialização. E a evolução que elas representam pode trazer respostas importantes para o tratamento de diferentes tipos de tumores malignos.

Em linhas gerais, no caso das vacinas para o novo coronavírus, esse tipo de terapia consiste na criação em laboratório de um código genético, capaz de levar à produção de proteínas que simulam as do vírus, provocando uma resposta do sistema de defesa do organismo sem, contudo, provocar uma infecção de verdade.

Segundo Carlos Gil, a lógica desse processo de uso de mRNA para a covid-19 sinaliza boas perspectivas para toda uma nova geração de terapias personalizadas, em especial contra o câncer. Não à toa, as farmacêuticas responsáveis por desenvolver a tecnologia mRNA para a SARS-CoV-2 avaliam formas de traduzir essas conquistas científicas para geração de tratamentos oncológicos avançados.

“Sob a ótica da ciência, as vacinas com um código genético de RNA criado em laboratório de fato acenam para um futuro com boas alternativas para tratar o câncer. Neste caso, contudo, há um fator essencial de diferenciação que não pode ser desconsiderado quando pensamos na adoção dessa solução na oncologia: enquanto o processo da vacina de mRNA contra a covid-19 permite que ela seja adotada de forma massiva para toda a população de maneira preventiva, para o câncer a tecnologia não seria capaz de evitar o surgimento de tumores, mas sim favorecer a geração de medicações personalizadas para pessoas já diagnosticadas com a doença, ou seja, adaptada de forma altamente individualizada a partir das especificidades do genoma das células cancerosas de cada paciente”, aponta Carlos Gil.

Por enquanto, as linhas em estudo mais avançadas até o momento analisam o uso dessas terapias gênicas para cânceres de pele melanoma, colorretal e alguns casos de cabeça e pescoço relacionados ao vírus HPV (papilomavírus humano). Há ainda ensaios clínicos voltados a tumores decorrentes de mutações frequentes no gene KRAS, especialmente no pâncreas, pulmão e colorretal.

“De forma geral, as perspectivas para os próximos anos são muito boas, com novas terapias, novas formas de trabalhar e avanços importantes já sendo vistos. Entramos em um período de otimismo, com aprendizados importantes adquiridos durante a pandemia que trazem contribuições para a ciência e a medicina como um todo. Esse é o lado positivo, de maneira geral e para todos nós”, finaliza Carlos Gil.

Campanha de conscientização marca Dia Mundial de Combate ao Câncer

Apesar dos notórios avanços médicos-científicos para o tratamento de tumores malignos, é preciso estar alerta para a prevenção aos riscos evitáveis relacionados ao câncer, bem como a importância do diagnóstico da doença em fase inicial – o que eleva as chances de cura em torno de 90% dos casos. Com foco no alerta à população sobre os benéficos de uma rotina de atividades físicas, alimentação equilibrada e olhar global para a saúde a partir da realização de exames de rotina para monitoramento de possíveis alterações, o Grupo Oncoclínicas realiza a partir de 8 de abril, data que marca o Dia Mundial de Combate ao Câncer, uma série de ativações nas redes sociais e por meio do site (clique aqui para acessar).

A iniciativa promove a disseminação de informações com respaldo de especialistas com o objetivo de esclarecer as principais dúvidas da população em geral e dos pacientes oncológicos. Os impactos do sedentarismo na incidência do câncer está entre os pilares centrais da ação.

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