Moradora da região do pós-balsa, em São Bernardo, Marizete Gonçalves Ferreira é cobradora da empresa SBC Trans e luta contra um câncer há cerca de três anos. Na manhã da última segunda-feira (21), sentiu-se mal e reclamou de fortes dores.
Por volta de 6h, a família procurou a UBS Santa Cruz para solicitar uma ambulância. De acordo com os relatos, mesmo com a aparente gravidade do caso, a atendente do posto de saúde teria negado a liberação do veículo sob argumento de que o mesmo só estaria disponível para emergências.
Como alternativa, uma sobrinha da cobradora entrou em contato com o SAMU e ouviu como resposta que um veículo estaria disponível em duas ou três horas. Diante da demora, familiares se mobilizaram para levar Marizete até a UBS.
Ao chegar no posto, mais um entrave. Devido às dificuldades para se locomover, era necessário acomodar a paciente em uma cadeira de rodas, mas o uso do equipamento só foi possível após a intervenção de um guarda municipal.
Em seu perfil no Facebook, Beatriz de Britto, filha de Marizete, fez um desabafo sobre o atendimento recebido por sua mãe e chamou de humilhação o que sua família enfrentou na segunda-feira. A postagem foi compartilhada centenas de vezes. “Temos nossos direitos e pagamos nossos impostos. Quando a gente precisa da ajuda do nosso sistema de saúde, que já é uma instituição falida, temos que ficar implorando por um direito que é nosso!”, escreveu na rede social.
Em nota, a Secretaria de Saúde de São Bernardo afirmou que “em nenhum momento o serviço de atendimento do SAMU foi negado aos familiares de Marizete”.
De acordo com o texto encaminhado pela administração municipal, a ambulância foi disponibilizada às 8h18 para a paciente, porém quando chegou ao local não a encontrou. Pessoas que estavam no local informaram que a mesma teria sido removida por meios próprios até UBS. A equipe do SAMU foi até lá e ofereceu a possibilidade de remoção para outra unidade. Porém, os familiares teriam recusado o atendimento.
Ao SãoBernardo.INFO, Beatriz confirmou que a família foi procurada pelo SAMU, mas não poupou críticas à demora. “Ela precisava de atendimento às 6h da manhã e não quase três horas depois”, disse.
Questionada sobre os procedimentos para liberação de uma ambulância, a Prefeitura explicou que todas as ligações recebidas pelo SAMU de São Bernardo do Campo, solicitando atendimento aos munícipes, são gravadas e atendidas pelo médico regulador que, a partir das queixas do solicitante, realiza a classificação do risco.
Essa classificação define se o caso relatado é leve (verde), moderado (amarelo) ou grave (vermelho). Após essa classificação, os casos são colocados em fila, sendo as ambulâncias liberadas de acordo com essa ordem de risco citada anteriormente.