O serviço de saneamento básico de São Bernardo do Campo é operado pela Sabesp desde 2004 quando, ainda no governo de William Dib, a concessionária assumiu o DAE (Departamento de Água e Esgoto) em uma transação que rendeu aos cofres municipais cerca de R$ 700 milhões.
Nesta semana, a companhia anunciou que, a partir do próximo mês de novembro, a conta de água vai ficar mais cara na cidade. O reajuste da tarifa em 7,9% é válido para todos os municípios atendidos pela empresa. Com o aumento, o valor da conta de água e esgoto para clientes residenciais que consomem até 10 mil litros por mês (54% do total) subirá de R$ 44,76 para R$ 48,29.
O acréscimo chega em um momento de crítica aos serviços prestados pela empresa em São Bernardo. A maioria dos moradores contatados pela reportagem reclama da qualidade da água e do tratamento do esgoto. “Não faltam vezes em que a água sai marrom das torneiras de casa”, explica um professora aposentada, moradora do Baeta Neves, que preferiu não ser identificada.
Em ranking elaborado pela ONG Trata Brasil, a cidade aparece em 38º lugar entre as maiores do país quando o assunto é saneamento básico. Segundo o relatório elaborado com dados de 2015, apesar da captação de esgoto atingir quase todo o município, menos de 30% do que é oriundo da água consumida recebe tratamento adequado.
CPI da Sabesp
Autor do projeto de lei que pede a instalação de uma CPI envolvendo a Sabesp, o vereador Julinho Fuzari (PPS) afirma que a concessionária precisa explicar a falta de investimentos na cidade e a péssima qualidade nos serviços prestados nos últimos anos. “Nem o anterior e nem o atual prefeito questionaram, multaram ou cobraram a Sabesp até agora. O que acontece já seria suficiente para uma quebra de contrato”, argumenta.
Entre os principais problemas apontados pelo vereador estão o desligamento do abastecimento que ocorre à noite em bairros periféricos, principalmente nas regiões mais altas. Ao abrir a torneira pela manhã, detectou-se a saída de ar pelas tubulações das residências. A questão vai de encontro a uma pesquisa da Universidade Federal do Espírito Santo que comprovou que os hidrômetros são sensíveis à passagem de ar, aumentando o valor final da conta. “Outro projeto de lei de minha autoria pede que sejam instalados bloqueadores de ar nos hidrômetros onde for comprovado o problema, gerando assim economia de até 30%”, explica Fuzari.